As manifestações contra o golpe e a Junta Militar continuam em Mianmar, apesar da repressão policial e militar. Em consequência, Khin Maung Latt, chefe da Liga Nacional para a Democracia em Rangoon, morreu um dia após sua prisão em sua casa pela polícia em Pabedan. Milhares de pessoas foram presas pela Junta, de acordo com dados da Associação para a Assistência a Presos Políticos, um grupo de direitos humanos.

Além disso, os meios de comunicação estatais ameaçaram os parlamentares do Comitê Representante Pyidaungsu Hluttaw (CRPH), ou seja, a representação do governo de Mianmar antes do golpe, dizendo que eles estavam cometendo uma “alta traição” e poderiam ser condenados à morte ou a 22 anos de prisão. O exército declarou os membros do grupo persona non grata e ameaçou aqueles que se comunicassem com eles com sete anos de prisão (fonte: Al Jazeera, 7 de março).

O Movimento de Desobediência Civil (MDC) anunciou que pelo menos 34 das 45 comunas de Rangoon formaram “órgãos de governo do povo”. Quando contatado, o MDC disse-nos: “Sim, partilhamos notícias e declarações relacionadas com a formação de ‘órgãos de governo do povo’ ao nível das comunas. Nosso objetivo é compartilhar esta informação e divulgá-la tanto quanto possível, a fim de conscientizar a comunidade internacional sobre o que está acontecendo em Mianmar em relação ao CRPH”
É nesta situação que foi publicado o “apelo unitário por uma greve até o retorno à democracia”  (ver abaixo).

Apelo unitário à greve até o retorno da democracia

(7 de março de 2021, publicado no site da Confederação dos Sindicatos de Myanmar, CTUM e assinado por 18 sindicatos nacionais)

Nós queremos prestar homenagem e agradecer aos trabalhadores de diferentes setores, aos agricultores e aos funcionários que participaram do movimento de desobediência civil, também aos estudantes, aos jovens e às organizações da sociedade civil que apoiaram o movimento. Saudamos a liderança do Comitê Representante Pyidaungsu (CRPH).
As organizações sindicais de Mianmar estão unidas em apoio a uma campanha em nível nacional contra o golpe de Estado militar e pelo futuro da democracia em Mianmar (…).
Continuar normalmente as atividades econômicas e comerciais e adiar uma paralisação geral do trabalho apenas ajudará os militares, que reprimem a energia do povo birmanês. É chegado o momento de agir para defender a nossa democracia. Os trabalhadores de Mianmar estão prontos para agir para proteger a democracia e salvar nossas gerações futuras da ditadura. Acreditamos que todos os birmaneses estão prontos para responder a um chamado à ação.
A paralisação do trabalho é uma manifestação pacífica de desobediência civil contra a junta militar ilegal. Ninguém pode forçar um cidadão de Mianmar a trabalhar. Não somos escravos da junta militar hoje e não seremos jamais. O movimento de desobediência civil entre os funcionários abriu uma via para o nosso movimento democrático, mas é evidente que precisamos agora intensificar a pressão sobre a Junta.
Fazemos um apelo à extensão do movimento de desobediência civil a todos os birmaneses a partir do dia 8 de março de 2021; à paralisação completa e prolongada da economia de Mianmar. Chamamos todos os trabalhadores de Mianmar a juntarem-se a nós nos próximos dias (…).
Não queremos apenas criar mártires na luta pela democracia em Mianmar. Devemos ganhar a luta e a paralisação prolongada do trabalho em escala nacional em direção à vitória do povo. Exortamos nossos dirigentes a chamar uma paralisação prolongada do trabalho em todo o país, pedimos a todos os trabalhadores que participem e nós vamos nos empenhar para que nossas organizações se integrem plenamente.
Esta paralisação do trabalho estendida à escala nacional prevalecerá até o retorno da democracia.”

Adaptado do site O Trabalho

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