Os noticiários disparam manchetes de Hollyood. “Ainda estou aqui” venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro. O Brasil festeja, comemora-se como se fosse a final de uma Copa do Mundo.

Entretanto, no ônibus lotado ela carrega no seu colo, o fruto do seu ventre, que adormecida às seis da manhã agarra-se aos seus braços. O seu corpo cansado, num ônibus lotado, futuro incerto.

Mas, ela tem que chegar ao trabalho. Ela tem que sair todo dia da periferia e chegar no bairro nobre da cidade, onde ganha seu sustento como cozinheira de um restaurante de luxo, e não pode atrasar, pois os fregueses começam a chegar ao meio dia.

Ela trabalha dez horas por dia, em pé, sem descansar na maldita escala seis por um. E numa rotina exaustiva, ela pega o ônibus lotado todo dia, são duas horas pra ir e mais duas para voltar. Com sua filha de um ano no colo, seu mais precioso patrimônio, ela faz uma parada para deixá-la na casa de sua mãe, por que não tem creche pública no seu bairro.

Ela é mãe solo.

E ainda está aqui.

Por Carlos Gaza

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