Sindicados organizaram manifestações em mais de 100 cidades
Milhares de italianos foram às ruas em todo o país na sexta-feira (3), como parte de uma greve geral de um dia convocada por sindicatos em apoio a uma flotilha de ajuda humanitária interceptada por Israel a caminho de Gaza.
“Depois do que vi com a flotilha, pensei que não poderia ficar parado sem fazer nada. É a primeira vez que vou a esse tipo de manifestação”, disse Mario Mascetti, um manifestante em Roma, à Reuters.
Os sindicatos CGIL e USB organizaram manifestações em mais de 100 cidades. Na capital, multidões marcharam da Piazza Vittorio, no centro, em direção à principal estação ferroviária, carregando bandeiras sindicais e palestinas, além de faixas.
A greve causou atrasos e cancelamentos em toda a rede ferroviária italiana, com interrupções mais limitadas nos aeroportos. As linhas de metrô continuaram operando em Roma e Milão.
Autoestradas ou estradas circulares foram bloqueadas por manifestantes em várias cidades, incluindo Roma, Milão, Bolonha e Trento, com a polícia disparando gás lacrimogêneo fora de Milão para dispersar os manifestantes que atiravam pedras.
O porto toscano de Livorno foi fechado devido a protestos.
“Esta não é uma greve qualquer. Estamos aqui hoje para defender a fraternidade entre os indivíduos, entre os povos, para colocar a humanidade de volta no centro, para dizer não ao genocídio, à política de rearmamento”, disse o líder da CGIL, Maurizio Landini.
Cerca de 300 mil pessoas participaram da marcha em Roma, segundo os organizadores. Eles estimaram multidões de mais de 100 mil em Milão, 50 mil em Nápoles, 25 mil em Veneza e um total de 150 mil em várias cidades da Sicília.
As autoridades não confirmaram os números.
Meloni critica greve
Israel chamou a flotilha de ajuda de uma farsa e se ofereceu para retirar a ajuda dos barcos e distribuí-la em Gaza . Israel negou repetidamente as acusações de genocídio.
O governo de direita da Itália criticou a greve, com a primeira-ministra Giorgia Meloni sugerindo que as pessoas que faltaram ao trabalho por Gaza queriam apenas uma desculpa para ter um fim de semana mais longo.
Protestos em solidariedade ao comboio humanitário que tentava romper o bloqueio naval de Israel surgiram por toda a Europa e outras partes do mundo, mas foram particularmente difundidos na Itália.
Mattia Diletti, sociólogo da Universidade Sapienza de Roma, disse que a causa palestina sempre repercutiu na Itália, tanto entre suas tradições políticas católicas de centro quanto de esquerda.
“A Itália sempre foi um país muito político, caracterizado por esse elemento (pró-palestino) “, disse ele.
O órgão nacional de fiscalização de greves disse na quinta-feira (2) que os sindicatos violaram as regras ao não avisar com antecedência suficiente sobre a greve, mas a CGIL e a USB prosseguiram mesmo assim, atraindo mais críticas do governo.
“Se hoje aqueles que fazem greve ilegalmente causam bilhões de euros em danos à economia italiana… então as sanções devem ser proporcionais aos danos causados”, disse o Ministro dos Transportes, Matteo Salvini.
Os protestos pró-palestinos deveriam continuar no sábado com uma grande manifestação em Roma, encerrando vários dias de manifestações que às vezes se tornaram violentas e provocaram confrontos com a polícia.
Na noite de quinta-feira (2), dezenas de milhares de pessoas marcharam pacificamente do Coliseu de Roma, enquanto em Turim um centro de conferências foi vandalizado e em Milão uma estátua do lado de fora da catedral Duomo foi pintada com tinta vermelha e pichações.
Fonte: CNN Brasil