Exército israelense reconheceu ataques, mas atribuiu incidentes a disparos ‘imprecisos’; justificativa surgiu após reportagem do Haaretz revelando que soldados recebiam ordens para atirar em civis

O Exército de Israel admitiu nesta segunda-feira (30/06) que seus soldados dispararam contra civis palestinos que buscavam ajuda humanitária em pontos de distribuição na Faixa de Gaza, mesmo estes não apresentando ameaça alguma às tropas. O esclarecimento foi feito por meio de nota.

De acordo com a reportagem, oficiais não identificados do Comando Sul israelense reconheceram “que civis foram mortos devido ao fogo de artilharia”, mas atribuíram os incidentes a disparos “imprecisos e não calculados”, alegando que “os bombardeios visavam manter a ordem nos locais de distribuição”, além de culpar o Hamas de divulgar números inflados.

Já “no incidente mais grave”, os militares de alto escalão relataram que “entre 30 e 40 pessoas foram alvejadas – algumas mortas, outras feridas em graus variados”.

O Exército somente admitiu esses ataques porque, na última sexta-feira (27/06), o jornal Haaretz publicou uma apuração revelando que soldados de Tel Aviv recebiam ordens de seus superiores para atirar em civis que esperavam por suprimentos básicos próximo aos centros de ajuda em Gaza. 

“É um campo de matança. Onde eu estava, entre uma e cinco pessoas eram mortas todos os dias”, relatava um dos soldados. “Eles atiram com tudo que você pode imaginar: uma metralhadora pesada, um lançador de granadas, morteiros.”

Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza em 2 de março. Após ser condenado pela comunidade internacional por usar a fome como arma, que pelo direito internacional configura “crime de guerra”, em 27 de maio, o regime sionista e os Estados Unidos implementaram a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) um programa de distribuição de ajuda no enclave. Entretanto, agências internacionais como as Nações Unidas (ONU) têm rejeitado parcerias por se tratar de um órgão controlado por tropas militares.

Desde sua operação, a GHF foi diversas vezes denunciada por grupos de direitos humanos e chegou a ser considerada uma “armadilha mortal” para matar palestinos que buscam suprimentos básicos.

O Ministério da Saúde de Gaza registra diariamente mortes em meio às filas nos centros de ajuda, nas quais palestinos devem escolher entre a fome e o risco de serem baleados. Segundo a pasta, até o momento, aproximadamente 600 palestinos foram assassinados por disparos israelenses.

Fonte: Ópera Mundi

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