Israel lança ofensiva na Cisjordânia e deixa 50 mil palestinos cercados em várias cidades
As Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram que iniciaram uma grande operação no norte da Cisjordânia durante a madrugada de quarta-feira (26/11). O Centro de Informação Palestino revelou que vários helicópteros de ataque cercaram a região, que também inclui Nablus, e entraram na cidade palestina de Tubas, localizada a sudeste de Jenin. Atualmente, mais de 50.000 palestinos vivem nas cinco cidades agora cercadas pelo Exército.
O grupo de resistência palestino, Hamas, condenou a agressão, “exigindo que a comunidade internacional tome medidas imediatas e sérias para pressionar pelo fim da agressão e dos crimes de guerra cometidos pela ocupação contra o nosso povo, e para responsabilizá-la pelas suas violações do direito internacional”.
“Apelamos aos mais altos níveis de unidade nacional no enfrentamento desta guerra declarada na Cisjordânia, unindo esforços populares, políticos e em campo para repelir a política de extermínio da ocupação, pois esta batalha exige que todos se juntem à trincheira da resistência”, acrescentou em comunicado divulgado.
Moradores relataram à emissora catari Al Jazeera que tratores militares empilharam terra em todas as vias de acesso antes do amanhecer, enquanto helicópteros Apache israelenses disparavam projéteis sobre campos vazios ao redor de Tubas, numa clara estratégia de terror contra a população civil palestina.
Segundo o comunicado da IDF, a operação seria supostamente em combate ao terrorismo, lançado em conjunto com o Shin Bet e pela Polícia de Fronteiras “no norte da Samaria” (termo usado por Israel para se referir à Cisjordânia ocupada que inclui Nablus).
O governador de Tubas, Ahmed Asaad, rejeitou essa justificativa, dizendo à Al Jazeera que o ataque israelense não tem nada a ver com segurança e sim com geografia. “O ataque tem como alvo Tubas por sua localização próxima ao Vale do Jordão, em um novo esforço para impor novas realidades”, disse ele.
Asaad também afirmou que cerca de 30 famílias foram forçadas a deixar suas casas e que as tropas tomaram vários prédios em terrenos elevados com vista para a província.
As Brigadas Al-Quds na cidade de Tubas, na Cisjordânia, um braço da organização Jihad Islâmica Palestina, ameaçaram responder à incursão das Forças de Defesa de Israel na cidade. “Estamos prontos”, escreveram em um comunicado divulgado.
A ocupação demoliu uma casa em construção em Al-Khader, ao sul de Belém
Wafa
Segundo o jornal de Tel Aviv, Haaretz, testemunhas oculares relataram que vários palestinos na cidade vizinha de Tammun foram presos por tropas das Forças de Defesa de Israel. O prefeito Sameer Bisharat afirmou que a IDF entrou na vila e helicópteros de ataque dispararam contra os moradores. Segundo ele, mais de dez casas foram transformadas em postos militares e o abastecimento de água local foi interrompido. Bisharat acrescentou que terras agrícolas na região foram destruídas e que pelo menos uma pessoa, um prisioneiro recentemente libertado de uma prisão israelense, foi detida.
As Forças de Defesa de Israel também distribuíram panfletos na região aos moradores, difamando a área como um “refúgio para o terrorismo”. “As forças de segurança israelenses não aceitarão isso e agirão com força e determinação”, diziam os folhetins. “Se vocês não mudarem isso, agiremos como fizemos em Jenin e Tulkarm”.
Colonos israelenses também invadiram o complexo da Mesquita de Al-Aqsa nesta quarta-feira (26/11), sob a proteção da polícia israelense. O governo de Jerusalém informou que um total de 559 sionistas entraram em grupos pelo Portão Mughrabi, realizando visitas provocativas e praticando rituais talmúdicos em seus pátios.
As cidades al-Asakra, Beit Faluwa, Harmala, Rafida e Tuqu’, localizadas a sudeste da província de Belém, sofreram diversas invasões. Uma fonte de segurança disse ao correspondente da agência palestina de notícias WAFA que um grupo de colonos vandalizou um veículo.
As forças israelenses também mobilizaram nesta quarta-feira tratores e equipamentos pesados de construção em direção ao campo de refugiados de Nur Shams, a leste de Tulkarm. Os novos equipamentos de demolição chegam para intensificar o cerco genocida imposto ao campo nos últimos 291 dias, impedindo a maioria de seus moradores de retornar para suas casas.
O correspondente da WAFA acrescentou que é possível ouvir, intermitentemente, intensos tiroteios dentro do campo, enquanto a agressão israelense contra a cidade de Tulkarm e seu campo de refugiados continua pelo 304º dia consecutivo O local sofreu destruição generalizada, com as forças de ocupação demolindo centenas de casas e propriedades.
Portões de ferro também foram erguidos em várias de suas entradas, agravando o isolamento do campo e o sofrimento de seus moradores deslocados.
Fonte: Ópera Mundi






