Um intenso debate dentro da Comissão de Segurança Nacional do Knesset israelense, na quarta-feira, revelou detalhes de um projeto de lei que autorizaria a execução de prisioneiros palestinos, incluindo o uso de injeção letal e a proibição total de apelações, de acordo com imagens divulgadas pelo Canal do Knesset, informa a Anadolu.
A comissão se reuniu para preparar o projeto de lei para sua segunda e terceira leituras, antes que ele possa se tornar lei, disse o canal. Trechos publicados pelo canal da acalorada discussão na rede social americana X mostraram as disposições redigidas pelo patrocinador do projeto de lei, o partido de extrema-direita Poder Judaico, liderado pelo Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.
De acordo com essas disposições, o projeto de lei se aplicaria a qualquer pessoa que matasse um judeu “por ser judeu”, incluindo o planejamento ou a execução de tal ato, e determinaria a pena de morte como única punição.
As disposições estabelecem que a sentença seria imposta “por maioria simples, sem possibilidade de apelação ou comutação por meio de negociação ou indulto”.
Os detalhes também mostram que a execução seria realizada pelo Serviço Penitenciário de Israel por meio de injeção letal.
Para evitar atrasos, o projeto de lei exige que a sentença seja executada em até 90 dias após a decisão do tribunal.
Um confronto acirrado ocorreu durante a sessão entre Ben-Gvir e o parlamentar da oposição Gilad Kariv, do partido Yesh Atid.
“Um Estado não pode ser governado pela vingança. Sem apelações, sem discussões adicionais e sem necessidade de aprovação coletiva”, disse Kariv, descrevendo o projeto de lei como “racista porque se aplica apenas quando uma vítima judia é morta”.
Ele chamou a proposta de “elaborada por um grupo extremista e intolerante” e disse que ela se alinha com partidos cujo líder “tem uma foto de Baruch Goldstein na sala de estar”, referindo-se ao autor do massacre de Hebron em 1994, que matou 29 fiéis palestinos.
A mídia israelense já havia noticiado que Ben-Gvir exibe uma foto de Goldstein em sua casa em um assentamento em Hebron.
“Espero que seus filhos não cresçam com seus valores. Você é um pai que cria seus filhos com base no legado de um assassino e terrorista”, disse Kariv a Ben-Gvir.
O jornal Israel Hayom informou que Kariv foi expulso da sessão da comissão após o confronto.
O jornal noticiou que a Associação Médica Israelense informou ao comitê que nenhum médico cooperaria com a execução da pena de morte.
Ben-Gvir insistiu que “os médicos dizem o contrário e apoiam a punição”.
“Entendo que vocês querem que os matemos por enforcamento ou fuzilamento”, acrescentou.
O Knesset aprovou o projeto de lei em sua primeira leitura em 11 de novembro, com 39 votos a favor e 16 contra, de um total de 120 membros.
Ben-Gvir tem pressionado repetidamente por legislação que permita a execução de prisioneiros palestinos e endureceu as condições prisionais para os detentos, incluindo a restrição de visitas, a redução das cotas de alimentação e a limitação do acesso ao chuveiro, de acordo com organizações de prisioneiros palestinos.
A pressão parlamentar ocorre em um momento em que os palestinos sofrem as consequências de uma guerra genocida israelense em Gaza, que matou mais de 69.000 pessoas e feriu mais de 170.000 desde outubro de 2023.
Fonte: Monitor do Oriente






