Os criminosos armados que invadiram no último sábado (08/06), o Acampamento Canudos em Riachão de Santo Antônio e surpreenderam as famílias que ali vivem, amarrando as vítimas e ateando fogo em sete barracos, continuam ameaçando os moradores.
O acampamento é uma ocupação realizada pelo MST há 10 anos e abriga 56 famílias que reivindicam a desapropriação da fazenda Canudos, com uma área de cerca de 3 mil hectares, e que se encontra abandonada, improdutiva, não cumprindo sua função social.
O primeiro barraco abordado pelos homens foi o de Gerlane Alves (24), que estava com seus dois filhos (crianças de 5 e 2 anos), e seu companheiro. De acordo com a vítima, os terroristas gritavam alto, diziam ser policiais e que estavam ali para fazer o bem.
Na sequência, eles foram empurrados para fora do barraco com as crianças, enquanto viam os homens derramarem um produto inflamável e queimarem tudo que estava no barraco.
“Deixaram a gente assistir tudo nosso pegar fogo. Sensação horrível. Perdi tudo, né. E ainda ver minha filha desesperada chorando e eles dizendo que iam nos matar. Dá uma revolta muito grande. Minha força foi Deus. Mal eu tinha conseguido e eles destruíram tudo”, contou a vítima, diz o Viomundo.
Após expulsarem as famílias, os criminosos queimaram os barracos, deixando as famílias assistindo às chamas tomarem conta de tudo que ali haviam construído.
Ao saírem, gritaram para que fossem embora e nunca mais voltassem ali. A ação durou cerca de 1h.
As famílias acampadas viveram momentos de terror, mas conseguiram controlar o fogo.
A Polícia Militar foi acionada e prestou assistência aos que ali foram covardemente atacados. Fizeram diligências, mas os criminosos não foram encontrados.
Ameaças sob a posse da terra
De acordo com algumas famílias, no último dia 30 de maio, representantes do Incra Paraíba e da coordenação estadual do MST realizaram o cadastramento para identificação das famílias no acampamento.
Na mesma semana, o proprietário da fazenda esteve no local acompanhado de um possível comprador do imóvel.
Há dois anos os moradores do acampamento sofrem duras ameaças de um funcionário da fazenda, conhecido como Erivadro.
Segundo relatos de algumas famílias, ele já havia dito que iria botar fogo no acampamento e expulsar todos.
O crime está sendo acompanhado pela Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo, defensoria pública e pela delegacia de Polícia Civil da cidade de Queimadas.
Fonte: A Postagem