Autoridades locais na Faixa de Gaza declararam, nesta segunda-feira (10), três cidades como “zonas de desastre”, devido à campanha de destruição em massa conduzida pelo exército israelense contra o enclave sitiado.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Al-Zahraa, al-Mughraqa e Wadi Gaza estão inabitáveis e demanda assistência urgente em todas as áreas”, declarou à imprensa Nidal Nassar, prefeito de al-Zahraa.

Segundo Nassar, os bombardeios israelenses impuseram “uma nova realidade à região, que requerem soluções imediatas assim como estratégias de longo prazo”.

Ao longo da campanha, o exército de Israel “destruiu todos os prédios e residências nas três cidades, incluindo 13.200 unidades habitacionais”, além de “poços e reservatórios de água, redes de esgoto e toda a infraestrutura”.

Segundo comunicado das autoridades dos três municípios, Israel destruiu ao menos 24 poços artesianos apenas nos últimos meses, além de reservatórios com capacidade de 1.300 m³ de água, causando seca e deslocamento deliberados.

Dezenas de milhares de palestinos foram desabrigados, acrescentou Nassar.

“Israel destruiu também milhares de dunams de terras agrárias, exterminou rebanhos e devastou fazendas em toda a área”, incorrendo em fome deliberada, reiterou.

Dentre as baixas, estão ainda a totalidade da rede de saneamento e esgoto e ao menos três estações para bombeamento de água residual, culminando em doenças. Ademais, Israel atacou serviços de saúde incluindo hospitais e redes públicas e privadas.

Nassar estimou perdas nas três cidades de cerca de US$1 bilhão e instou organizações internacionais a “intervir urgentemente para fornecer maquinário e itens de repara, no intuito de restaurar as redes de água e esgoto, além das ruas e estradas”.

Nassar reforçou apelos pelo envio imediato de cerca de 11.500 unidades habitacionais provisórias, para acomodar em torno de 41 mil residentes que perderam todas as suas posses, para além de suas casas, nas áreas afetadas.

“A reconstrução e a melhora de serviços básicos é uma responsabilidade coletiva, que requer esforços conjuntos para garantirmos uma vida digna e um futuro sustentável à população atingida”, reafirmou.

Os três municípios são adjacentes ao chamado corredor Netzarim, que separa o sul e o norte de Gaza, do qual o exército israelense se retirou no domingo (9), após um ano e três meses de ocupação ilegal.

Gaza permanece sob frágil acordo de cessar-fogo desde 19 de janeiro, após 470 dias de genocídio israelense contra o enclave mediterrâneo, com mais de 48 mil mortos e dois milhões de desabrigados.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), radicado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade me Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

Fonte: Monitor do Oriente

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