Depois de décadas de massacre, a procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, anunciou que há “uma base razoável” para acreditar que o Estado de Israel cometeu crimes contra o povo palestino através de repressão e anexação de territórios pertecentes ao povo árabe
O Tribunal Penal Internacional (TPI), localizado em Haia (Países Baixos), abriu, nesta quarta-feira, 3, uma investigação sobre os possíveis crimes de Israel contra palestinos. Há décadas, o Estado de Israel tem invadido, ocupado e anexado territórios da Palestina através de uma brutal repressão de suas forças armadas contra o povo árabe.
A procuradora-geral do TPI, Fatou Bensouda, anunciou que há “uma base razoável” para acreditar que o Estado de Israel cometeu crimes contra o povo palestino.
“Campo de concentração em Gaza”
Apesar da longa história de brigas, a análise começará a partir de episódios de repressão ocorridos na Faixa de Gaza a partir de 13 de junho de 2014. A situação na região é deplorável; cerca de 83% (1,4 milhão) da população é composta por refugiados que estão espalhados em oito campos, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), em 2019.
Em Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil, denunciou que a situação na Faixa da Gaza é semelhante à de um campo de concentração. “São assassinatos de jovens e crianças, transformando a Faixa de Gaza num imenso campo de concentração com 365 quilômetros quadrados”, afirmou na ocasião.
O relatório do TPI
Segundo Bensouda, a “preocupação central” do Tribunal de Haia “deve ser pelas vítimas dos crimes, tanto palestinas como israelenses, decorrentes do longo ciclo de violência e insegurança que causou profundo sofrimento e desespero em todos os lados”.
No relatório do TPI foi mencionado o processo de anexação (“transferências de civis israelenses”) de territórios da Cisjordânia pertencentes aos palestinos.
Também foram mencionadas as “Marchas de Retorno”, que ocorreram em Gaza no início de março de 2018, quando milhares de palestinos realizaram manifestações denunciando as arbitrariedades do Estado de Israel. Para reprimir os manifestantes, diz o TPI, as forças israelenses utilizaram “meios não letais e letais” contra os palestinos, o que resultou “na morte de mais de 200 pessoas, incluindo mais de 40 crianças, e milhares de feridos”.
O relatório, porém, também cita a morte de israelenses em decorrência de ataques de grupos palestinos.
Reação de Israel e da Palestina
Israel já havia se manifestado contra as investigações. Segundo o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, as acusações “têm como base o antissemitismo e a hipocrisia” e o país “está sob ataque”.
Por outro lado, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) comemorou a abertura da investigação no Tribunal de Haia, conforme noticiou o portal Opera Mundi. “É um passo longamente esperado e que se alinha à incessante busca palestina por justiça e responsabilidade, pilares indispensáveis da paz que o povo palestino busca e merece”, disse o órgão.
Brasil 247 (com adaptações)