O jornal Estado de S.Paulo publicou uma matéria em que mostra a ligação entre o governo Tarcísio (Republicanos-RJ) com a organização criminosa PCC. A ligação é o capitão Diogo Costa Cangerana, preso nesta terça-feira, 26, durante uma operação da Polícia Federal que investiga fintechs da Faria Lima, ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Para se ter uma ideia, Diogo aparece em fotos de campanha (acima) e esteve em ao menos 25 comitivas do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nos últimos dois anos, entre elas viagens para se reunir com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara dos Deputados e no ministério da Fazenda.
A reportagem ressalta que Cangerana é suspeito de atuar na abertura de contas que seriam usadas para lavar dinheiro do crime por meio de instituições financeiras. Ele trabalhou na Casa Militar do Palácio dos
Bandeirantes como chefe de equipe de segurança do governador até o dia 3 de setembro, quando foi transferido para o 13.º Batalhão da Polícia Militar (PM), responsável pelo patrulhamento, veja só, da Cracolândia.
Apesar de aparecer ao lado do governador em campanha e ações do governo, Tarcísio também negou que o militar exercesse a função de chefe de sua segurança. Mas as fotos e uma visita em Brasília, quando foi ao Ministério da Fazenda, parecem desmentir Tarcísio.
Segundo interlocutores de Haddad, Cangerana foi ao prédio do ministério no dia anterior ao encontro, ensaiou o caminho que o governador faria e conversou com os seguranças do local, procedimentos de praxe. No dia seguinte, 5 de julho de 2023, o policial militar entrou novamente no ministério, desta vez
acompanhando Tarcísio, mas aguardou do lado de fora da sala e não participou da reunião. Ele saiu do local junto com o governador. (veja reportagem)
O governador prometeu punição ao policial e classificou o caso como um ato isolado, afirmando que “toda instituição tem suas maçãs podres”. Mas a situação de Tarcísio com o PCC não começa com essa maçã. “PF investiga doadora de campanha de Tarcísio por suspeita de lavagem de dinheiro do PCC”. Essa foi a manchete da Folha, em reportagem publicada no dia 29 de julho. Era a primeira vez que a imprensa relacionava a pecuarista Maribel Schmittz Golin a Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ela foi a sexta maior doadora da campanha do ex-ministro de Bolsonaro ao Palácio do Bandeirantes: transferiu R$ 500 mil para o governador paulista, em 2022. (link)
Mas há um outro fato curioso. Na última eleição para prefeito de São Paulo, Tarcísio de Freitas divulgou uma fake news de que o PCC estaria comemorando a vitória de Guilherme Boulos (PSOL), sendo que um integrante do PCC estava ao lado de Tarcísio. O governador foi inocentado dessa divulgação falsa.
O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Antonio Maria Patiño Zorz, julgou improcedente Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) proposta pelo candidato a prefeito nas últimas eleições Guilherme Boulos e pela Coligação Amor por São Paulo e PDT contra o prefeito Ricardo Nunes, seu vice, Mello Araújo, e o governador Tarcísio de Freitas. A ação apurava se houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social em razão das declarações de Tarcísio em entrevista coletiva.
Para Boulos, Tarcísio utilizou-se do cargo com a finalidade de interferir no resultado da eleição. No dia da votação em segundo turno, confirmando que obteve informações de uma “ação de inteligência” de que teria havido um “Salve” do PCC (Primeiro Comando da Capital – organização criminosa) orientando o voto em Guilherme Boulos. A declaração foi dada em resposta a jornalistas no colégio Miguel Cervantes, na zona sul, local de votação do governador.
Seria Diogo Costa Cangerana, preso nesta terça-feira por ligação com o PCC, a “inteligência’ que deu as informações ao Tarcísio no dia das eleições?
Fonte: Carta Campinas