“Espero em nome de jesus que isso um dia acabe”, diz alagoana que estava em condições análogas a escravidão, em fazenda de café, no Espírito Santo
Resgatada com o filho, o genro, dois sobrinhos e outros sete conterrâneos da cidade de Penedo, no interior de Alagoas, a cozinheira Wagna da Silva, de 43 anos, respira mais aliviada após o grupo ter sido resgatado de uma fazenda de café em Brejetuba, no Espírito Santo, onde trabalhava em condições análogas a escravidão.
- Ainda emocionada e digerindo os últimos acontecimentos, Wagna conta que passou a noite dessa terça-feira (14) com o grupo em um hotel no município Venda Nova do Imigrante, município no Espírito Santo, para onde foram levados após o resgate. “Ainda estamos no Espírito Santo. Antes disseram que íamos só na quinta-feira, mas agora passaram para a gente que estamos indo embora hoje, graças a Deus. Por aqui, na medida do possível, estamos bem”, disse ela, na manhã desta quarta-feira (15).
A cozinheira, que protagonizou o pedido de socorro aos trabalhadores escravizados durante 14 dias, quer fazer com que o alerta seja ampliado e outras pessoas não precisem passar pela mesma situação. “A gente não espera passar por isso, né? Ninguém quer passar por isso, a gente vê muito nos meios de comunicação esse tipo de coisa, mas a gente nunca espera que vá acontecer com a gente, mas infelizmente aconteceu”, lamenta, acrescentando que prefere não generalizar a maldade e acreditar nas pessoas corretas.
“Espero em nome de Jesus que isso um dia acabe, que não venha mais acontecer com ninguém. Eu tô alegre, mas no mesmo instante eu fiquei muito triste, soube que outros trabalhadores [que estariam irregular em outras fazendas] foram colocados para fora devido à repercussão do meu vídeo. Meu intuito foi pedir socorro a alguém de lá da minha cidade para pagar nossa dívida e mandar um transporte para que a gente pudesse ir para casa. O meu intuito sempre foi esse. Eu acho que a gente tem que ir para casa”, ponderou.
Wagna Silva integra um grupo de 12 alagoanos, da cidade de Penedo, que viajou de forma clandestina a convite, segundo ela, de um desconhecido em busca de emprego e renda fora do estado. Os trabalhadores foram trabalhar em uma fazenda de café na cidade de Brejetuba, no Espírito Santo, onde foram recepcionados em um alojamento sem estrutura e tiveram que pagar por ferramentas de trabalho e comida servida na fazenda. O caso veio à tona na segunda-feira (13), quando eles criaram coragem de gravar um vídeo para denunciar condições de trabalho análogo à escravidão.
Fonte: TNH1