A gestão inicial da epidemia de Covid-19 no Reino Unido pelo Governo liderado por Boris Johnson foi “um dos maiores falhanços de saúde pública na história do Reino Unido”, aponta o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito, intitulado “Coronavírus: Lições aprendidas até agora”.
O documento reporta-se apenas a Inglaterra porque os outros países integrantes do reino, Gales, Escócia e Irlanda do Norte, são geridos desde o final do século XX pelos respetivos governos nacionais.
O relatório é assinado por dois antigos ministros conservadores, Jeremy Hunt e Greg Clark, que preside à Comissão Parlamentar de Inquérito.
Entre as alegações, o inquérito parlamentar destaca como “um dos maiores erros” do executivo liderado por Boris Johnson o retardamento do confinamento apesar do que foi feito noutros países de forma mais célere.
O adiar do confinamento, que viria a ser imposto a 23 de março, tinha por base a presunção dos conselheiros cientistas do executivo de que a generalização da infeção pelo SARS-CoV-2 iria criar “imunidade de grupo”, mas essa decisão, sublinha agora o relatório, acabou por custar a perda de milhares de vidas no Reino Unido.
Confrontado com o relatório numa entrevista à Sky News e questionado três vezes se pedia desculpa aos britânicos em nome do governo, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros limitou-se a citar o título do relatório ao dizer que “há lições a aprender” e a garantir que o governo decidiu “com base na ciência”.
A Covid-19 em Inglaterra
O primeiro caso de Covid-19 no Reino Unido foi detetado a 31 de janeiro de 2020, exatamente um mês depois de a OMS ter sido notificada dos primeiros casos na China.
O primeiro-ministro Boris Johnson viria a contrair Covid-19 a 27 de março, chegou a estar em estado grave nos cuidados intensivos, tendo recuperado com a assistência de dois enfermeiros não britânicos, incluindo um português.
A partir daí o chefe de governo revelou-se mais determinado no combate à epidemia.
O relatório agora divulgado indica, no entanto, que a reação do governo britânico de retardar o fecho da economia até 23 de março foi “uma política errada e levou a um maior número de mortes do que teria resultado se tivesse sido seguida mais cedo uma política mais vigorosa”.
Com a vacinação atualmente avançada e elogiada como um dos melhores atos de gestão da epidemia pelo governo, e com cerca de 66% da população residente já totalmente vacinada, o Reino Unido é ainda assim o quarto país do mundo com mais casos de Covid-19 registados (8,2 milhões) e o oitavo com mais mortes (138 mil) ligadas ao SARS-CoV-2, de acordo com o portal “WorldDoMeters”.
Fonte: Euronews