Deputados bolsonaristas tentaram tirar da prisão o deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Para eles, “bandido bom é bandido morto” não serve para amigos de Bolsonaro.

Os 129 votos contrários à manutenção da prisão de Chiquinho Brazão desnudou a falácia da máxima “bandido bom é bandido morto” da horda extremista de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional e impôs uma derrota a Arthur Lira (PP-AL), que manobra pra eleger seu sucessor no comando da Câmara.

Bolsonaro entrou em campo para defender a liberdade ao acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco ainda durante a análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do parecer do deputado Darci de Matos (PSD-SC), que recomendou a manutenção da prisão preventiva  por crime flagrante e inafiançável de obstrução de Justiça com o envolvimento de organização criminosa.

Buscando vingança pela decisão de Alexandre de Moraes, seu algoz no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente disparou para os deputados aliados um vídeo em que o filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), da Europa, dizia que a prisão de Brazão “atropela a Constituição”, na tese alinhada com o advogado Cleber Lopes, que faz a defesa do acusado de mandar matar Marielle.

No entanto, o receio da repercussão pública do voto fez com que muitos deputados simpáticos a Bolsonaro encorpassem os 277 votos favoráveis à manutenção da prisão – 20 a mais da maioria absoluta, de 257 votos, necessários.

A lista dos 129 que votaram pela liberdade de Brazão foi encabeçada por figuras como Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Alexandre Ramagem (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC) e o próprio Eduardo Bolsonaro.

Os deputados extremistas aliados a Bolsonaro, adeptos do bordão que estimula a matança dos “bandidos”, ficaram nus em seu discurso de segurança pública, deixando claro que a máxima não vale quando o bandido é aliado – ou quando é preciso se vingar daqueles que consideram inimigos.

Sucessão na Câmara

A votação ainda tirou o véu que encobria a sucessão de Arthur Lira na Câmara e fortaleceu o líder do PSD, Antônio Brito (BA), que busca ser o candidato do governo Lula para a presidência da Câmara.

Brito foi o único entre os pré-candidatos que orientou o partido a votar pela manutenção da prisão de Brazão.

Bispo licenciado da Universal, o presidente do Republicanos Marcos Pereira (SP) lavou as mãos e liberou a bancada, que votou majoritamente para tirar Brazão da cadeira – 20 votos a favor e 8 contrários.

Pereira, no entanto, não marcou presença na sessão, assim como o líder do partido, Hugo Motta (PB).

Já Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil e favorito de Lira para sua sucessão, orientou a bancada a votar pela soltura de Brazão, em um aceno ao bolsonarismo, que saiu derrotado.

Nascimento atuou junto com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, que usou o gabinete da filha, Dani Cunha (MDB), para tentar convencer, sem sucesso, o União votar em peso pela liberdade do amigo.

Fonte: Revista Fórum

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