Destruição na Amazônia por empresário emitiu 3,2 milhões de toneladas de CO2.
O empresário Bruno Heller, de 71 anos, suspeito de ser o “maior devastador” da Amazônia, foi preso pela Polícia Federal no último dia 3 de agosto em Novo Progresso, no Pará. A identidade e prisão dele foram divulgadas pelo portal g1. Heller foi detido por grilagem e desmatamento ilegal de 6,5 mil hectares de floresta.
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Heller foi responsável pela emissão de ao menos 3,2 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) — o que corresponde a aproximadamente 70% das emissões anuais do estado do Amapá. Isso também equivale a cerca de 4,5 milhões de toneladas de CO2, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa (SEEG).
“É inadmissível um indivíduo causar um dano tão grande para todos nós, aumentando ilegalmente nossas emissões de carbono e distanciando o Brasil de cumprir seus compromissos internacionais com o clima do planeta”, avalia André Guimarães, diretor-executivo do IPAM, em comunicado.
A Polícia Federal estima que o empresário invadiu ao menos 21 mil hectares de terras públicas e tentou emular a posse das áreas com registros irregulares no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Durante a operação que prendeu Heller, foram encontrados R$ 125 mil em notas, entre dólares, euros e reais em sua casa, conforme o g1.
Parte do dinheiro estava no fundo falso de um bidê ao lado de uma cama. No local havia ainda uma arma ilegal e 350 gramas de ouro bruto, supostamente com origem em garimpo ilegal, o que levou à prisão em flagrante.
O homem preso seria o chefe de um grupo criminoso suspeito de desmatar mais de 6,5 mil hectares de floresta — quase quatro ilhas de Fernando de Noronha — após registrar essas terras no nome de terceiros, de forma fraudulenta, no CAR.
A Justiça determinou o bloqueio de 16 fazendas do suspeito, 10 mil cabeças de gado e R$ 116 milhões, pertencentes ao seu suposto grupo. O inquérito policial relativo à operação identificou que Heller e os criminosos teriam se apossado de mais de 21 mil hectares de terras da União.
Segundo observa o IPAM, o caso reforça estudos que já indicavam a relação entre grilagem e florestas públicas na Amazônia. Segundo o instituto, cerca de 50% do desmatamento no bioma no Brasil ocorre em terras de domínio público.
Em março de 2023, o IPAM e a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) publicaram uma nota técnica sobre o tema com algumas propostas. Entre as soluções sugeridas está o cancelamento ou suspensão de CAR total ou parcialmente sobrepostos a áreas públicas e a destinação das florestas públicas ainda não designadas para a conservação.
O IPAM reforça que tais pontos integram o novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), lançado em 5 de junho pelo governo federal.
Fonte: Revista Galileu