O companheiro Átila Vieira faleceu de Covid-19. Mais uma vítima da política genocida de Bolsonaro, que já provocou a morte de mais de 320 mil pessoas. São milhares de pessoas que enlutam parentes e amigos.
Mas, diante do acontecido, assumi a tarefa de escrever algumas linhas sobre o companheiro.
Conheci o Átila quando ele era muito jovem, um garoto ainda. Foi no início dos anos 90. Depois de algumas atividade de agitação política no Cepa, organizamos uma reunião de divulgação da Juventude Revolução. A reunião já ia começar quando Átila chegou para participar, acompanhado da sua mãe, que queria saber onde o filho estava se metendo. Escalamos o saudoso companheiro Joaquim Calado para falar com a mãe de Átila. Joaquim voltou dizendo que a barra estava livre e que a mãe dele era professora, que entendia nossa luta.
A partir daí, Átila se engajou na Juventude Revolução e tivemos uma militância em comum durantes anos. Junto com Carlos Pereira, Átila ajudou a construir o grêmio livre na Escola Laura Dantas e assumiu tarefas importantes na condução da Juventude Revolução. Como militante da Corrente O Trabalho do PT, cumpriu com muita dedicação as mais diversas tarefas.
Ele também militou no movimento estudantil da Ufal organizando o núcleo da Juventude Revolução e participando do Diretório Central dos Estudantes. Participação que abriu caminho para a nossa vitória na eleição do DCE-Ufal com a chapa “Não vamos pagar nada” e na realização do épico levante dos estudantes contra o aumento das passagens em 2001.
Sempre animado, disposto e com um sorriso contagiante, foi um dos mais destacados militantes de sua geração. Por divergências sobre o papel das ONGs, ele se afastou da militância conosco.
Tempo depois, ele passou a militar com Heloísa Helena e fez parte da sua assessoria durante o mandato da vereadora. Ele seguiu com Heloísa, inclusive no apoio a Aécio Neves no segundo turno das eleições de 2014. Quando o encontrei na rua, pensei em provoca-lo, mas ele, com aquele jeito calmo, me escutou tão pacientemente que desisti do intento. Essa talvez tenha sido a última vez que falamos de política.
A trajetória de Átila Vieira está profundamente marcada pela sua opção pelos oprimidos e sua militância em defesa dos direitos humanos. E essa opção, tão rara no mundo de hoje, deve ser enaltecida e preservada.