Um novo ritmo de trabalho pode estar transformando o futuro profissional no Reino Unido. Após a conclusão do maior estudo global sobre a semana de quatro dias, a escala 4×3 (quatro dias de trabalho e três de descanso) passou a ser adotada permanentemente por mais da metade das empresas participantes do experimento.
A proposta, que vem sendo debatida também no Brasil, visa melhorar o bem-estar dos funcionários sem prejuízo à produtividade.
Resultados surpreendentes após seis meses de teste
Conduzido por pesquisadores da Universidade de Cambridge, da Universidade de Salford e do Boston College, o projeto-piloto envolveu 61 empresas e durou seis meses. Após esse período, 89% das organizações continuaram com a política, e 51% a tornaram definitiva.
Os dados mostram avanços expressivos:
- 71% dos funcionários relataram redução no burnout
- 65% menos faltas médicas
- 57% menos pedidos de demissão
- Aumento de 1,4% na receita média das empresas
Além disso, 96% dos colaboradores disseram que a mudança beneficiou suas vidas pessoais, enquanto 86% se sentiram mais produtivos no trabalho.
Mais equilíbrio e melhores relações no trabalho
De acordo com Juliet Schor, professora de sociologia do Boston College, os benefícios físicos e mentais se mantiveram mesmo após o fim do experimento. A coautoria das políticas entre funcionários e gestores foi apontada como fator-chave para o sucesso da iniciativa.
O modelo geralmente reduz a carga semanal de 38 para 31,6 horas, com um dia fixo de folga, geralmente às segundas ou sextas-feiras. A ideia não é comprimir horas, mas sim aumentar a eficiência no tempo disponível.
Desafios e expansão da ideia
Apesar dos bons resultados, nem todas as empresas encontraram facilidade na adaptação. Algumas relataram dificuldades em alinhar o novo formato com parceiros externos e clientes que ainda operam no regime tradicional. A recomendação dos pesquisadores é que haja planejamento e comunicação clara para evitar frustrações internas.
Mesmo com os desafios, os efeitos positivos da escala 4×3 chamaram atenção de governos. A Escócia iniciou recentemente um teste similar em serviços públicos, e organizações como a 4 Day Week Global defendem que o modelo seja adotado de forma mais ampla, com suporte financeiro para empresas em transição.
No Brasil nos últimos tempos está uma discussão para chegar na escala 5×2. A autora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), Erika Hilton, trouxe um debate sobre a necessidade de flexibilixação do trabalho e que o impacto econômico seria mínimo.
A PEC já foi protocolada e segue aguardando ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Fonte: Diário do Comércio