Conforme MPT e OIT, número registrado em 2022 é o maior desde o primeiro levantamento em 2007

Alagoas registrou 2.048 acidentes graves de trabalho, durante o ano de 2022, segundo o levantamento do Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). O número representa um aumento de 67,45%, quando comparado com o ano de 2021, que contabilizou 1.223 acidentes desse tipo. Este foi o maior número da série histórica do Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho, que começou em 2007.

De acordo com o Ministério da Saúde, acidente de trabalho grave é todo caso de acidente de trabalho que resulta em morte, politraumatismo, amputação, esmagamento, traumatismo cranioencefálico, fratura de coluna, lesão de medula espinhal, trauma com lesões viscerais, eletrocussão, asfixia, queimadura que resulta na internação do trabalhador e todo tipo de acidente que acontece com trabalhadores com menos de 18 anos.

Ao todo, Alagoas registrou 3.395 acidentes de trabalho, durante o ano de 2022. O número representa um aumento de 5% em relação a 2021, quando foram registrados 3.223 acidentes. Do total de acidentes registrados no ano passado, 54% ocorreram em Maceió. A estimativa é de que, em 2022, 672 acidentes de trabalho tenham sido subnotificados no estado. O dado representa uma subnotificação de 19,8%.

Entre os setores econômicos que registraram mais acidentes em 2022, lidera a lista o de fabricação de açúcar em bruto, com 653. Na sequência, atividades de atendimento hospitalar, com 249 registros, e administração pública em geral, com 154. E as ocupações com mais acidentes de trabalho foram: trabalhador da cana-de-açúcar, com 450 casos; técnico de enfermagem, com 234; e alimentador de linha de produção, com 104 acidentes.

Aumento é muito preocupante, diz presidente da CUT no estado

Para a presidente da Central Única dos Trabalhadores em Alagoas (CUT/AL), Rilda Alves, o aumento no número de acidentes de trabalho é muito preocupante. “Vemos trabalhador sendo mutilado, tendo estresse no local de trabalho, adoecendo e, principalmente, com a correria do dia a dia, não vemos com frequência um profissional de Segurança no Trabalho fazendo visitas, acompanhamento, orientando esses trabalhadores como usar a sua ferramenta de trabalho e nem orientando também as empresas a cumprirem com suas responsabilidades, que é fornecer EPIs adequados para aquela função que o trabalhador está exercendo. É um aumento muito preocupante no número de acidentes”, afirmou.

Segundo Alves, falta fiscalização por parte do Ministério do Trabalho e cumprimento por parte dos empregadores da legislação trabalhista. “Com o fechamento do Ministério do Trabalho e a redução de recursos e de estrutura, vimos que isso aumentou muito os acidentes de trabalho. Vemos hoje muitos trabalhadores sem condição de exercer a sua função porque, justamente, são vítimas dessa situação. Acreditamos que, se houver uma fiscalização maior por parte do Ministério do Trabalho, cumprimento por parte dos empregadores com relação aos EPIs adequados e capacitação para os trabalhadores, os acidentes podem diminuir”, disse.

A presidente da CUT/AL destacou ainda a questão da jornada excessiva de trabalho. “Nós vemos muitos acidentes acontecerem porque o trabalhador tem que cumprir metas e trabalhar muito, sem descanso. Isso acaba de uma forma afetando o trabalhador e fazendo com que ele possa ser vítima de um acidente no trabalho”, afirmou Alves.

Para o Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren/AL) – responsável pela fiscalização do exercício profissional do técnico de enfermagem, que está em segundo lugar como a ocupação com mais acidentes de trabalho –, os acidentes envolvendo a profissão podem ser causados por causa do subdimensionamento nos serviços de saúde, que é quando há uma falta de profissionais para atender a demanda do serviço de saúde, o que pode levar a uma sobrecarga de trabalho e, consequentemente, aumentar os riscos de acidentes e adoecimentos.

ABRIL VERDE

O Abril Verde é uma campanha que busca conscientizar a população sobre a importância da saúde e segurança no trabalho. O mês de abril foi escolhido porque, no dia 28 de abril de 1969, ocorreu uma explosão em uma mina localizada no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, que matou 78 pessoas. A data é celebrada como Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

O objetivo é sensibilizar trabalhadores, empresários, sindicatos e governos sobre a necessidade de se investir em políticas e práticas que garantam um ambiente de trabalho seguro e saudável. Além disso, busca-se chamar a atenção para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, que muitas vezes são evitáveis

Fonte: Tribuna Hoje

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