A 31 de Outubro, 120 Chefes de Estado e de Governo reunir-se-ão em Glasgow, na Escócia, na Conferência COP26 da ONU (a chamada Cimeira do Clima) para reduzir as emissões poluentes.
Os ambientalistas pedem-lhes que também monitorizem a extracção de hidrocarbonetos “para os tornar mais conformes com as propostas de venda de mais carros eléctricos”. Por outras palavras, está em marcha uma campanha mundial para liquidar a actual indústria automóvel, com a União Europeia a exigir que, depois de 2030, não sejam vendidos mais automóveis a gasolina ou a gasóleo, em nome da redução das emissões de CO2 e de outros poluentes.
E, no entanto, as mesmas pessoas que pedem essa liquidação, estão a promover a produção de mais hidrocarbonetos e de emissões de gases: “Quinze países, incluindo os EUA, a Noruega e a Rússia propõem-se multiplicar dramaticamente a produção de petróleo, gás e carvão nas próximas décadas.” “Até 2030, espera-se que as nações do mundo irão produzir mais 24% de carvão, mais 57% de petróleo e mais 71% de gás natural do que o estipulado para limitar o aquecimento global a 1,5º.” (The New York Times, de 21/10/2021).
Por exemplo, o Governo britânico está a preparar um grande Plano para aumentar a produção de petróleo.
E, no entanto, em nome da redução das emissões de CO2, está a ser desmantelada a indústria automóvel, apresentada como o grande inimigo do Clima. Os ambientalistas – que promovem a venda de carros eléctricos – nunca explicam qual é o custo “ambiental” do carro eléctrico.
“Investigadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, concluíram que «só na fase de fabrico um veículo eléctrico consome três a quatro vezes mais energia do que um veículo convencional». No final, a pegada de carbono de um veículo clássico a funcionar com base no petróleo é quase equivalente à de um veículo eléctrico […]. «A produção de carbono de um veículo clássico – que circula com base no petróleo – é quase equivalente à de um veículo eléctrico […].» Portanto, para esses investigadores dos EUA, «os veículos eléctricos podem ser tecnicamente possíveis, mas a sua produção nunca será ambientalmente sustentável».” (A Verdade – revista teórica da 4ª Internacional, nº 109, Outubro de 2021, pg. 56)
Com este esquema de produção de “veículos não poluentes” pretendem eliminar quatro milhões de empregos na indústria automóvel europeia.
Por ocasião da Cimeira de Glasgow, os meios de comunicação social estarão empenhados numa grande campanha de propaganda visando desmantelar a actual indústria automóvel, sem efeitos significativos sobre o Clima. E o que dirão eles sobre o facto dos EUA, do Reino Unido e da Rússia irem aumentar a produção de petróleo e de gás? Irão apresentar, seguramente, como uma meia vitória da Cimeira estes países irem aumentar a produção de gases poluentes, mas um pouco menos do que aquilo que anunciaram?
Irá o governo progressista de Sánchez participar na farsa? Numa reunião internacional, a Vice-Presidente do Governo – Teresa Ribera, ministra para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico – propôs-se ajudar as economias em desenvolvimento “a não cometerem os mesmos erros” na emissão de gases com efeito de estufa que antes foram cometidos pelas grandes potências. Mas não disse nada sobre as políticas dos EUA, da Inglaterra,…
Artigo de A. Zarra, publicado no periódico Información Obrera – Tribuna livre da luta de classes em Espanha – nº 363, de 28 de Outubro de 2021.
Fonte: Pous4