Número de pessoas que se identificam como ateus ou como não religiosos está aumentando nos EUA, país de tradição profundamente cristã, segundo estudo do Pew Research Center. Em torno de 29% dos adultos estadunidenses agora apontam que não tem filiação religiosa, em comparação a 16% de há 14 anos, indicou a pesquisa.
Os Estados Unidos acolhem uma poderosa facção política de direita cristã socialmente conservadora, e o cristianismo segue sendo a religião predominante no país. Porém, a religião está diminuindo notavelmente, mostram os resultados do Pew.
Em torno de 78% dos adultos estadunidenses identificaram-se como cristãos em 2007. Agora, em torno de 63% se considera assim, segundo a investigação. Os outros 6% restante tem alguma outra religião, como o judaísmo e o islã.
Esse segmento representa 40% dos protestantes – que baixou de 52% a 40% no mesmo lapso –, 21% de católicos – com uma ligeira redução de 3% –, os mórmons com 2% e os cristãos ortodoxos com 1%.
Em 2007, o Pew Research começou a rastrear os “não religiosos”, pessoas que descrevem a si mesmas como ateias, agnósticas ou “nada em particular”. Apenas 41% considera que rezar é parte de sua vida diária. Então, os cristãos superavam em número aos que não expressavam crença alguma em quase 5 vezes. Hoje a proporção está em 2 para 1, disseram os pesquisadores, que consultaram 4 mil pessoas entre maio e agosto deste ano.
Com dois resultados importantes e concatenados. Por um lado, uma diminuição relativa dos cristãos e, por outro lado, o forte aumento dos “nenhuma opção”, isto é, dos que se declaram ateus, agnósticos ou, em todo caso, privados de qualquer pertença religiosa.
A pesquisa confirma a situação que ainda no final do século XX distinguia os Estados Unidos das outras nações ocidentais, desertificadas pela secularização: a permanência de um vibrante “mercado” religioso cristão.
Hoje esta excepcionalidade da sociedade estadunidense se desvaneceu amplamente.
Nos últimos doze anos, nos Estados Unidos, os cristãos diminuíram de 75 para 65% da população adulta, com os católicos caindo de 24 para 20%, em números absolutos mais 30 milhões.
A queda do número de cristãos e o aumento dos “nenhuma opção” são relevantes entre os graduados, os residentes do nordeste, os eleitores do Partido Democrata e, sobretudo, os “millennials”, isto é, os nascidos entre 1981 e 1996 que hoje têm entre 25 e 40 anos. Entre os “millennials”, agora, os cristãos e os “nenhuma opção” equiparam-se numericamente e se neutralizam, tanto uns como os outros com 40% do total.
Também diminuiu o comparecimento à igreja. Há dez anos os estadunidenses que iam à igreja ao menos uma vez por mês eram 54% da população, e os que iam poucas vezes ao ano ou nunca eram 45%, hoje as proporções se inverteram completamente: os primeiros são 45% e os segundos 54%. Os que nunca põem os pés em uma igreja são 27%, mais que um quarto dos estadunidenses.
A prática religiosa é um pouco mais acentuada entre os negros, entre eles os que vão à igreja ao menos uma vez por mês seguem sendo a maioria, ainda que menos que no passado. Porém, entre os hispânicos, os números dos que vão e dos que não vão se equiparam, enquanto agora predominam os brancos não hispânicos que nunca vão à igreja.
Sempre entre os hispânicos, os católicos, que há dez anos eram uma maioria, hoje caíram para 47%. Com os “nenhuma opção” também há um presente crescimento, que chegou a 27%.
Tanto os católicos quanto os protestantes diminuíram mais precisamente nas áreas nas quais estiveram historicamente mais presentes, com curvas de 9% para os católicos e de 11% para os protestantes no sul.
Fonte: Pragmatismo Político