Protestos contra ‘anistia’ a Bolsonaro reúnem manifestantes em 47 cidades
Movimentos sociais e políticos ligados à esquerda foram às ruas neste domingo, 14/12, em protesto contra a aprovação do chamado PL da Dosimetria, uma anistia disfarçada, projeto aprovado pela Câmara dos Deputados.
Segundo os organizadores dos protestos, pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe. As manifestações ocorreram em ao menos 47 cidades do país. Como informa o Uol.
Em São Paulo, o principal ato acontece na avenida Paulista, onde milhares de pessoas se concentraram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o Congresso Nacional foram os principais alvos das críticas.
Com um carro de som, organizadores e manifestantes se revezaram em discursos e palavras de ordem, como “sem anistia” a Bolsonaro e aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas, em Brasília.
Além do PL da Dosimetria, os manifestantes também protestaram contra a aprovação do marco temporal e pediram o fim das emendas parlamentares. Para o gerente administrativo Maicon Santana, de 46 anos, a atuação do Legislativo tem sido motivo de indignação.
“É uma situação absurda. A gente não pode mais continuar mantendo deputados que só fazem aquilo que eles bem entendem, protegendo uns aos outros”, afirmou, ao criticar a permanência da deputada Carla Zambelli (PL-SP) no cargo, decisão que foi posteriormente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Zambelli renunciou ao mandato neste sábado.
Críticas à Câmara também vieram de outros participantes do ato. “Os parlamentares de esquerda não têm quórum e os da direita não são punidos. Deixarem a Zambelli no cargo é o cúmulo do absurdo”, disse Michael Santana, gerente de consultório, de 46 anos.
Já a analista de recrutamento Edenir Barrionovo, de 48 anos, afirmou que a aprovação do projeto fere a Constituição. “Articularam a votação às escondidas, na madrugada. Hugo Motta não tem o respeito de ninguém”, declarou.
A aposentada Josefa Laurindo Roriz, de 86 anos, disse que não pretende deixar de participar das mobilizações. “Não admito esse Congresso. Onde tiver protesto eu vou”, afirmou. “Se um dia eu tiver problema de mobilidade, meu marido vai me trazer de cadeira de rodas.”
No Rio de Janeiro, manifestantes se reuniram para um ato com apresentações musicais. O cantor Caetano Veloso subiu ao trio elétrico por volta das 16h30, vestindo roupas verde e amarelas. Gilberto Gil e Paulinho da Viola também participaram da programação cultural do protesto.
Deputados federais marcaram presença no ato carioca. Entre eles, Glauber Braga (PSOL-RJ), que discursou no trio elétrico após ter sido afastado temporariamente do cargo nesta semana.
Também participaram os líderes Lindbergh Farias (PT), Talíria Petrone (PSOL), além das deputadas Benedita da Silva (PT) e Jandira Feghali (PCdoB).
Nesse sentido, Lindbergh comemorou a renúncia de Zambelli e classificou o episódio como uma vitória política, afirmando que continuará pressionando para que o mandato da parlamentar seja formalmente cassado.
Pela manhã, protestos já haviam ocorrido em cidades como Salvador, João Pessoa, Belo Horizonte e Brasília, com pautas que incluíram, além do PL da Dosimetria, críticas ao aumento dos casos de feminicídio no país.
Assim sendo, a mobilização nacional é uma resposta direta à aprovação do projeto na Câmara dos Deputados por 291 votos a 148. O texto ainda precisa ser analisado pelo Senado Federal e, caso seja aprovado, seguirá para sanção do presidente Lula da Silva (PT).
Fonte: BNC Amazonas






