Paulo Memória – Jornalista e cineastra

A Lava Jato vai sendo, finalmente, desvendada e desmontada em definitivo, mesmo que tardiamente, para que seja desnudada e revelada perante toda a sociedade brasileira, o que de fato representou esta malfadada operação comandada pelo então juiz Sérgio Moro. Estamos falando de um projeto mafioso que intimidou o poder constituído em todos os âmbitos institucionais brasileiros: do legislativo aos grandes veículos de comunicação, das forças armadas ao Supremo Tribunal Federal. Tempos áureos do lavajatismo, nos quais um insignificante juiz de primeira instância casava e batizava no cenário político nacional, em parceria com um ministério público corrupto e colaborativo na desconstrução da democracia em nosso país.

Ninguém ousava desafiar o medíocre juiz, que praticamente criou uma república paralela, que chamo no meu documentário sobre a prisão ilegal de Lula, intitulado Uma Ideia Não se Prende (disponível no Youtube), de “República de Curitiba”. Fui fazer este documentário na capital Paranaense em maio de 2018, no qual já denunciava todas as arbitrariedades e práticas criminosas cometidas contra a constituição Federal, por uma verdadeira quadrilha que operava a partir da 13a Vara Federal daquela cidade, em conluio com os promotores e procuradores da “força tarefa” do MP curitibano, então sob a liderança do cúmplice de crimes de Moro na Lava Jato, promotor Deltan Dallagnol, de triste memória.

Na verdade, desde quando Sérgio Moro, também conhecido como o “Marreco de Maringá”, começou a ascender no cenário político nacional, lá pelos idos de 2013, sempre fiz postagens nas minhas redes sociais (Facebook naquela época), denunciando suas grotescas falcatruas judiciais e apontando aquilo que logo percebi de cara: sua evidente tendência de extrema direita e uma óbvia deficiência intelectual. Suas colocações rasas e despachos chinfrins me chamaram muita atenção, já naquele período em que começou a gestação do lavajatismo em nível nacional.

Toda a “narrativa” criada naqueles momentos iniciais da fraudulenta operação Lava Jato, já indicavam que algo muito errado e estranho estava ocorrendo, tanto pela leniência do próprio poder judiciário em relação aos desmando que já eram cometidos por Moro, como pela forma entusiasta e a excessiva atenção que os grandes órgãos de imprensa dispensavam àquele limitadíssimo juiz, alçando-o, aos poucos, a condição de paladino da moralidade perante a opinião pública. Com o passar do tempo e o desenrolar da operação liderada por Moro, foi ficando óbvio que a Lava Jato se tratava de uma iniciativa de desestabilização do nosso Estado Democrático de Direito, conquistado a duras penas, numa grande luta que durou mais de 21 anos, para derrubar o regime totalitário que havia se instalado no poder a partir do Golpe Militar de 64.

Há uma década que venho repetindo uma frase, como uma espécie de mantra, na qual sempre afirmei que: “ô Sérgio Moro, pode esperar, a tua hora vai chegar”. Ao que tudo indica, a Polícia Federal começa a abrir a caixa de pandora guardada por Moro nas mofadas gavetas da 13a Vara de Curitiba, desbaratando a a “metodologia” fascista e truculenta como agia este incompetente e semialfabetizado, hoje senador da república, que incrivelmente conseguiu passar em um concurso para juiz, sem noções básicas vernaculares da língua portuguesa.

Os métodos “moristas” consistiam em ameaças aos empresários presos de que, se não incriminassem o réu Luís Inácio Lula da Silva nas delações premiadas, não teriam a flexibilização das penas transformadas em prisões domiciliares. Outro expediente muito utilizado pelo Juíz Moro eram as ações combinadas com ministério público nas operações midiáticas para desmoralizar e prender o líder petista. Além dessas estratégias delituosas, agora tomamos conhecimento também das chantagens feitas contra os desembargadores do TRF-4, para manterem a condenação de Lula nesta instância, em razão de vídeos que chegaram as mãos do chefe da Lava Jato, de uma festa que ficou pejorativamente conhecida como a “Festa da Cueca”, onde aqueles nobres “juristas” do TRF-4 foram gravados e pegos, literalmente, com as cuecas nas mãos, em uma picante solenidade com garotas de programa. Vídeo este negado por Moro e que a Polícia Federal, cumprindo mandado autorizado pelo STF, encontrou recentemente na sala que pertencia ao desonesto juiz.

Relatórios do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, apontam ainda para uma série de irregularidades nesta operação que quebrou centenas de empresas brasileiras, com o objetivo de desviar R$ 2.5 bilhões, para uma tal fundação Lava Jato, que seria gerida por integrantes da própria força tarefa de Curitiba, cujos maiores beneficiados seriam, precisamente, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e a juíza substituta de Moro (que renunciou a magistratura para assumir o ministério da justiça do desgoverno Bolsonaro), Gabriela Hardt, que pelo tom que as investigações estão tomando, terá sérios problemas daqui para frente. Falta pouco, muito pouco, para que o meu mantra se confirme: “Ô Sérgio Moro, pode esperar, que a tua hora vai chegar”. A Papuda deverá ser mesmo o futuro para o “juiz ladrão”, como o definiu o Deputado Glauber Braga, acusação esta nunca contestada pelo chefe da ocrim Lava Jato.

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