“Neste momento de escuridão política, Nova York será a luz”, disse o jovem democrata após a vitória na maior cidade dos EUA, impondo derrota a Donald Trump

Nova York viveu uma noite histórica. O jovem democrata de esquerda Zohran Mamdani foi eleito, nesta terça-feira (4), prefeito da maior cidade dos Estados Unidos, encerrando uma disputa marcada por ataques pessoais, alta participação popular e uma clara rejeição ao presidente Donald Trump.

Aos 34 anos, Mamdani se tornará o primeiro prefeito muçulmano da história da cidade quando assumir o cargo em janeiro. Sua vitória representa um triunfo para o campo progressista do Partido Democrata e um duro golpe para Trump, que tentou transformar a eleição local em um referendo sobre seu próprio governo.

“Se há alguém que pode mostrar a uma nação traída por Donald Trump como derrotá-lo, é a cidade que o viu nascer”, declarou Mamdani em seu discurso de vitória.

“Neste momento de escuridão política, Nova York será a luz.”

Segundo resultados preliminares, Mamdani conquistou cerca de 50,4% dos votos. O ex-governador Andrew Cuomo, que disputou como independente, obteve aproximadamente 41,6%, enquanto o candidato republicano Curtis Sliwa ficou com cerca de 7,1%.

A eleição nova-iorquina completou uma noite de vitórias democratas nos Estados Unidos, com o partido também conquistando os governos de Virgínia e Nova Jersey. Analistas apontam que os resultados enviam um forte sinal de desgaste para Trump e sua base republicana, a menos de um ano das eleições legislativas de 2026.

Um outsider de esquerda

Filho da cineasta Mira Nair e do acadêmico Mahmood Mamdani, Mamdani nasceu em Uganda em uma família de origem indiana e imigrou para os Estados Unidos ainda criança. Tornou-se cidadão estadunidense em 2018 e construiu sua carreira política em Queens, considerado o distrito da cidade com maior diversidade. 

Autodeclarado socialista, Mamdani foi eleito como deputado estadual antes de conquistar a prefeitura. Durante a campanha, destacou-se por propostas ousadas para enfrentar o alto custo de vida — como transporte público gratuito, creches acessíveis, controle de aluguéis e a criação de mercearias administradas pela prefeitura.

Ataques e resistência

A ascensão de Mamdani ocorreu sob forte resistência de figuras poderosas. Trump e seus aliados conservadores recorreram a uma campanha agressiva de desinformação, questionando sua fé e suas posições políticas, e o presidente chegou a chamá-lo de “100 % comunista” e ameaçou cortar recursos federais para Nova York caso ele vencesse.

Grandes empresários e meios de comunicação de direita também se mobilizaram contra o candidato. Apesar disso, a mobilização de base e o entusiasmo de voluntários garantiram a Mamdani uma vitória ampla.

Um símbolo de renovação

A vitória de Mamdani reflete uma transformação profunda na política estadunidense. Em uma cidade símbolo do capitalismo global, um imigrante muçulmano de esquerda conseguiu unir eleitores progressistas, jovens, trabalhadores e comunidades marginalizadas em torno de uma mensagem de solidariedade e esperança.

Para observadores políticos, sua eleição marca o fortalecimento da ala mais à esquerda do Partido Democrata e reforça o debate sobre o futuro da legenda.

Trump em xeque

A derrota de seus aliados em Nova York acendeu alertas no entorno de Donald Trump. Mesmo assim, o presidente recusou-se a assumir qualquer responsabilidade, atribuindo os resultados à recente paralisação do governo federal e à ausência de seu nome nas urnas.

Mas o fato é que o discurso populista e divisivo de Trump encontrou resistência renovada. Como sintetizou o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries: “Os democratas estão esmagando Donald Trump e os extremistas republicanos em todo o país. O Partido Democrata está de volta”. 

Fonte: Revista Fórum

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