Autoridades palestinas denunciam que apenas 24% do acordo de envio de suprimentos foi cumprido e alertam para colapso hospitalar no território
O Gabinete de Imprensa do Governo em Gaza denunciou que Israel tem limitado severamente a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, descumprindo os compromissos firmados em acordos anteriores. Segundo comunicado oficial, apenas uma fração do total combinado de suprimentos e combustível chegou ao território palestino, o que agrava a crise humanitária enfrentada pela população local.
As informações foram divulgadas pela agência Prensa Latina, que citou dados fornecidos pelas autoridades de Gaza. De acordo com o relatório, entre o início do acordo e 31 de outubro, apenas 3.230 caminhões carregados com ajuda humanitária conseguiram entrar no enclave costeiro. Desse total, 2.564 veículos transportavam mantimentos e produtos de socorro, incluindo 84 com diesel e 31 com gás de cozinha. Outros 639 caminhões continham mercadorias diversas, como roupas e utensílios domésticos.
O órgão palestino afirmou que esses números representam apenas 24% do previsto no pacto assinado entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). No caso do combustível, a limitação foi ainda mais drástica: somente 10% do volume acordado foi autorizado, o equivalente a 115 caminhões de um total de 1.100 esperados. “Esses números refletem a política contínua de restringir e interromper deliberadamente o fornecimento vital de energia necessário para o funcionamento de hospitais, padarias e instalações básicas”, destacou o comunicado.
Diante da escassez de insumos e energia, o governo local apelou à comunidade internacional e aos países mediadores para que pressionem o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a cumprir suas obrigações humanitárias.
O diretor-geral do complexo médico Al-Shifa, Muhammad Abu Salmiya, reforçou as denúncias, afirmando que Israel tem impedido a entrada de materiais hospitalares essenciais. “Apenas 10% dos suprimentos médicos necessários chegaram após a trégua”, revelou. Segundo ele, cerca de 350 mil pessoas dependem de medicamentos para tratar doenças crônicas, e muitas correm risco sem acesso aos tratamentos.
O diretor da Unidade de Informação de Saúde do Ministério da Saúde, Zaher Al-Wahidi, também alertou para a grave escassez de medicamentos, especialmente nos estoques de emergência, anestesia, cirurgias e doenças crônicas. “A situação é crítica e ameaça diretamente a vida de milhares de pacientes”, afirmou.Já Amjad Shawa, diretor da Rede de ONGs de Gaza, denunciou que o fluxo de ajuda “não mudou substancialmente desde o fim dos combates em 10 de outubro”. Ele ressaltou que o Exército israelense mantém o fechamento de quatro das seis passagens de fronteira — Karni, Zikim, Erez e Rafah — e impõe restrições severas nas de Kerem Shalom e Kissufim.
O Centro Palestino para os Direitos Humanos também se manifestou, acusando as autoridades israelenses de “obstrução deliberada” da entrada de ajuda humanitária. Segundo a entidade, a política de bloqueio aprofunda o sofrimento da população e compromete o acesso a serviços básicos, em violação às normas internacionais de proteção humanitária.
A crise reforça a pressão global por uma resposta efetiva que garanta o cumprimento dos acordos e o acesso de suprimentos vitais à população de Gaza, que enfrenta um dos períodos mais críticos desde o início do conflito.
Fonte: Brasil 247






