Exército israelense realizou ataques aéreos neste domingo (19) na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, após acusar o grupo palestino Hamas de romper o acordo de cessar-fogo firmado no início de outubro. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou ter ordenado “medidas enérgicas” contra alvos considerados terroristas por ele. O Hamas negou as acusações e afirmou continuar comprometido com o armistício.

Em comunicado, o gabinete de Netanyahu informou que a decisão foi tomada após consultas com o ministro da Defesa e altos funcionários de segurança. Segundo as Forças Armadas de Israel, militantes do Hamas dispararam mísseis antitanque contra bases militares israelenses próximas à rota de ajuda humanitária em Rafah. Em resposta, o exército bombardeou túneis e áreas de onde os ataques teriam partido.

O braço armado do Hamas, a Brigada Ezzedine Al-Qassam, contestou a versão israelense. Em nota, o grupo afirmou não ter participado de confrontos e garantiu cumprir o cessar-fogo “em todas as áreas da Faixa de Gaza”. O movimento também informou ter recuperado o corpo de mais um refém israelense, mas disse que só o entregará “se as condições em campo permitirem”.

Escalada e vítimas

A Força Aérea israelense também lançou ataques em outras partes de Gaza, inclusive na cidade de Jabalya, ao norte, onde, segundo a mídia árabe, três pessoas foram mortas. O Exército israelense alega que o Hamas violou o acordo diversas vezes ao atacar posições além da chamada “linha amarela”, limite estabelecido pelo tratado de paz.

A trégua, mediada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por países da região, previa a libertação de reféns pelo Hamas — 20 vivos e 28 mortos. O grupo entregou todos os sobreviventes e dez corpos, alegando não ter conseguido localizar os demais devido à destruição causada pelos bombardeios.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, pediu a retomada total dos combates. “A ilusão de que o Hamas cumpriria o acordo é perigosa. O grupo deve ser completamente aniquilado”, declarou.

O enviado de paz norte-americano, Steve Witkoff, deve chegar ao Oriente Médio na próxima semana para tentar preservar o cessar-fogo.

Passagem de Rafah segue fechada

Israel confirmou neste domingo a identificação de dois reféns cujos corpos foram devolvidos pelo Hamas: o fotojornalista e motorista voluntário Ronen Engel, de 54 anos, e o trabalhador agrícola tailandês Sonthaya Oakkharasri, ambos mortos durante os ataques de 7 de outubro de 2023.

O governo israelense também devolveu os corpos de 15 palestinos a Gaza, totalizando 150 desde o início do acordo. A devolução dos reféns mortos tornou-se um dos pontos mais sensíveis da trégua, e Israel mantém a passagem de Rafah — principal porta de entrada do território — fechada até que todos os corpos sejam recuperados.

“O primeiro-ministro determinou que a passagem de Rafah permaneça fechada até novo aviso”, informou o gabinete de Netanyahu. “Sua reabertura será considerada com base no cumprimento do Hamas de sua parte no acordo.”

O Hamas, por sua vez, alertou que o bloqueio da fronteira “atrasará significativamente” a recuperação dos restos mortais. Agências humanitárias internacionais pediram a reabertura imediata do ponto de passagem, essencial para o envio de alimentos, combustível e medicamentos à população de Gaza.

Conflito prolongado

Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, o conflito já deixou mais de 68 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, número considerado confiável pelas Nações Unidas. Mais da metade das vítimas são mulheres e crianças. Do lado israelense, 1.221 pessoas morreram nos ataques iniciais, a maioria civis.

O cessar-fogo, que vinha reduzindo os confrontos, agora enfrenta seu momento mais crítico desde a assinatura. Enquanto Israel acusa o Hamas de descumprir o acordo, o grupo palestino sustenta que as ações israelenses ameaçam encerrar de vez a frágil trégua.

Fonte: Revista Fórum

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