Em 21 de maio o Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio nas Américas (CILI) promoveu uma “live” com Ricardo Sánchez e José Arnulfo Bayona, da Red Socialista de Colômbia, que dialogaram com questões levantadas por companheiros e companheiras do México, Venezuela, Equador, Peru e Brasil sobre o “Paro Nacional” iniciado em 28 de abril transbordado como levante de todo o povo contra o governo pró-imperialista de Iván Duque.
Os dois companheiros, além de expor a situação em seu país (ver vídeo no facebook do DAP-Brasil), afirmaram a sua adesão ao CILI. Abaixo notas enviadas por Bayona sobre o que se passou em Cali ao completar-se um mês do “Paro” em 28 de maio.
Violenta repressão em Cali
“Foi a jornada de mobilização mais apoteótica desde o 28 de abril, especialmente em Bogotá, Cali, Medellín, Popayán e Pasto. Em Cali a repressão foi mais violenta, numa ação combinada da polícia, exército e seus aliados civis armados (paramilitares), que dispararam, até com metralhadoras, contra as mobilizações. Um massacre com 23 mortos ou mais.
Em Tuluá, próxima a Cali, incendiaram o Palácio de Justiça, culpando os supostos vândalos da greve, mas circularam vídeos que evidenciam a responsabilidade de narcotraficantes aliados da polícia, os quais tinham processos penais no referido palácio.
À noite Duque viajou a Cali e reuniu-se no bairro dos ricos com os responsáveis pela agressão aos indígenas do CRIC (conselho regional indígena de Cauca, NdT), anunciando sete mil soldados e mais cinco mil policiais do tenebroso ESMAD (esquadrão móvel anti-distúrbios, NdT) para militarizar a cidade e romper a sangue e fogo os bloqueios e os locais de resistência. Ele editou o decreto 575 ordenando a militarização de 8 departamentos, dentre eles o de Vale do Cauca, Cauca, Nariño, Risaralda e Norte de Santander, na fronteira com a Venezuela, violando nos fatos o pré-acordo de ‘criar condições para garantir o protesto social’ ao que havia chegado com o Comando Nacional do Paro.”
“Trinta dias de greve e a luta continua”
Bayona também nos enviou o seu artigo de 27 de maio com o título acima. Nele podemos ler (ver a íntegra em larosaroja.org):
“A força e contundência da greve (…) encurralaram o governo, que foi obrigado a retirar o seu regressivo projeto de reforma tributária e aceitar que o projeto de lei 010 de contrarreforma da saúde fosse arquivado pelo Congresso. (…) O governo esperava que o ‘paro’ acabasse. Não obstante a luta continuou e desta forma notificou o governo e seus aliados que as causas da rebelião têm raízes mais profundas.
É a luta contra a injustiça, contra a fome e pelo pão, contra a guerra e pela paz, (…), pela recuperação dos direitos trabalhistas, emprego digno, produtivo e formal, pela reforma agrária e direitos de camponeses e trabalhadores do campo, por saúde gratuita e universal, por educação gratuita desde a pré-escola até a universidade, para acabar com o extermínio das comunidades indígenas e defender seus territórios, pelos direitos dos afro-colombianos e contra o racismo, contra o feminicídio e pela igualdade de direitos das mulheres e LGBTI…
Todas essas consignas são agitadas por multidões mobilizadas que, ainda que não sejam conscientes do alcance, constituem um programa político alternativo de luta por radicais transformações democráticas do estado e da sociedade em seu conjunto.”
Toda a solidariedade à luta do povo colombiano!
Fonte: O Trabalho