Gabinete de Israel aprova cessar-fogo após acordo sobre reféns

O Gabinete de Segurança de Israel deu aval nesta sexta-feira (17/01) para o governo de Benjamin Netanyahu aprovar o acordo com o Hamas para cessar-fogo na Faixa de Gaza e libertar os reféns.

Em nota, o gabinete disse que examinou “aspectos políticos, de segurança e humanitários” para tomar a decisão que havia sido adiada na quinta-feira (16/01) sob a alegação de que o Hamas supostamente buscava “extorquir” concessões de última hora.

“Depois de ter examinado todos os aspectos políticos, de segurança e humanitários, e de compreender que o acordo proposto apoia a realização dos objetivos da guerra, a Comissão de Ministros para os Assuntos de Segurança Nacional recomendou que o governo aprovasse o plano proposto. O governo se reunirá ainda hoje”, diz o comunicado.

Mais cedo, Netanyahu se reuniu com seu gabinete para discutir o acordo de cessar-fogo em Gaza. Ele havia garantido que o acordo será implementado no domingo (19/01), como planejado, isso por que informou que os negociadores em Doha, no Catar, chegaram a um acordo para a libertação dos reféns.

Sobre a alegação da reunião adiada, a suposta divergência estaria relacionada ao Hamas exigir a inclusão de determinados nomes na lista de prisioneiros que seriam libertados. No entanto, o grupo palestino negou a acusação e o governo de Israel não apresentou nenhuma evidência disso.

O que ficou evidente no processo foi a forte oposição de alguns membros do gabinete ao fim da guerra. Os ministros ultradireitistas do governo israelense dizem que a guerra ainda não atingiu seu objetivo de acabar com o Hamas e lutam para que continue.

Direita quer impedir paz duradoura

Para evitar a saída da extrema direita da coalizão do governo, Netanyahu fez um acordo que pode impedir que o cessar-fogo seja duradouro, comprometendo a segunda fase do cessar-fogo.

Segundo o jornal The Times of IsraelNetanyahu se reuniu nesta sexta-feira com o seu ministro das Finanças, Bezalel Smotrich e eles entraram em entendimentos sobre a exigência de que Israel retome a luta contra o Hamas em Gaza após um cessar-fogo temporário, assim como o controle da ajuda humanitária no enclave.

O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, manifestou seu desacordo pelo X. “Israel terá de pagar um preço alto”, postou, acrescentando que não “aceitaremos governo do Hamas em Gaza após a guerra”.

Já o ministro da Defesa, Israel Katz, reagiu anunciando que decidiu libertar todos os colonos que estavam em detenção administrativa e transmitiu uma “mensagem clara de fortalecimento e incentivo aos assentamentos (na Cisjordânia ocupada)”.

Os colonos são israelenses que vivem ilegalmente em terras palestinas privadas na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Ocidental. Atualmente eles somam 700 mil cidadãos — ou 10% da população do país — que vivem em 150 assentamos e 128 postos avançados nessas duas áreas palestinas.

Pressões pelo fim da Guerra

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a pressionar na quinta-feira para que o acordo fosse fechado. “É melhor ser feito antes de eu tomar posse”, disse, lembrando que isso ocorre na próxima segunda-feira (20/01).

De fato, o acordo em andamento é o mesmo proposto pelo presidente norte-americano Joe Biden há oito meses. A diferença agora foi a pressão colocada por Trump.

Os países do G7 também se pronunciaram dizendo que endossam totalmente o acordo de cessar-fogo e pediram ao Irã que evite novos ataques a Israel, relatou a Reuters.

Quinta-feira à noite, centenas de pessoas compareceram a um protesto pró-palestino na Times Square de Nova York. Diversos participantes eram membros da comunidade judaica ortodoxa que levavam cartazes com frases como: “Israel é responsável por 76 anos de trágico derramamento de sangue de árabes e judeus”.

Ao mesmo tempo, familiares dos reféns mantidos em Gaza também intensificaram a pressão ocupando as ruas em Tel-Aviv, capital israelense.

A expectativa é de que a fase inicial do acordo – cessar-fogo de seis semanas e troca de prisioneiros – se concretize rapidamente. Sobre a segunda fase, que senta as bases de um fim definitivo do conflito, há mais ceticismo.

Enquanto isso, Israel continua intensificando os ataques em Gaza. Desde que o cessar-fogo foi anunciado, suas bombas mataram ao menos 113 palestinos, incluindo 28 crianças e 31 mulheres.

Fonte: Ópera Mundi

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