Representantes das 14 comunidades afetadas pela MVV colhem assinaturas para ajuizar ação na Defensoria Pública da União
Mal curou as feridas provocadas pelo crime da Braskem – o afundamento do solo em cinco bairros de Maceió provocado pela mineração de sal-gema –, Alagoas vê a tragédia se repetir no município de Craíbas, no agreste do estado.
Moradores das 14 comunidades denunciam que sofrem impactos diretos por conta da extração de minério pela Mineração Vale Verde (MVV), num raio de três quilômetros da área onde ocorrem as explosões. Lideranças estão colhendo assinaturas para entrar na Justiça pedindo a realocação das famílias com o pagamento de preços justos pelas propriedades.
Entre os transtornos enfrentados, eles denunciam o aparecimento de rachaduras nas casas provocadas pelas constantes explosões, algumas delas com laudo de iminência de desabamento. Os danos estruturais também afetam imóveis recém-construídos. Outro problema é a grande quantidade de poeira tóxica liberada no ar, que tem gerado sérios problemas respiratórios, especialmente, entre as crianças e os idosos.
Além disso, existe a suspeita de contaminação do Riacho Salgado, que compõe a bacia hidrográfica do Rio São Francisco, por materiais pesados. A fauna e flora, relatam os locais, têm sido severamente afetadas, com a mortandade de animais sendo uma preocupação crescente.
Tancredo Barbosa é uma das lideranças que estão passando de casa em casa visando colher assinaturas para a Solicitação de Relocação com Indenização Justa, no âmbito do processo federal nº. 0800795-44.2023.4.05.8001.
Ele diz que, na próxima segunda-feira (4), uma comissão formada por membros de cada comunidade vai à Defensoria Pública da União, na cidade de Arapiraca, para dar entrada no processo. “Nós precisamos sair dessas localidades porque não tem como viver mais nelas e sabemos que o problema só tende a aumentar”, disse Tancredo.
Paulão denuncia situação das famílias
Os moradores receberam a solidariedade do deputado Federal Paulão (PT), que se manifestou no Congresso Nacional sobre a situação das famílias de Craíbas vítimas da mineração. “Comunidades locais relatam rachaduras em suas casas e impactos diretos no Riacho Salgado, um afluente importante para a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Com materiais pesados sendo depositados no rio, a flora, fauna e a agricultura familiar de Craíbas começam a sentir as consequências. É essencial que a justiça e as autoridades ajam para proteger o meio ambiente e as pessoas afetadas por essas atividades”, afirmou.
Fonte: 082 Notícias