Seis jovens ativistas processaram o governo brasileiro por revisar suas metas de redução de carbono no Acordo de Paris para que o país possa emitir mais gases de efeito estufa, afirmaram ambientalistas nesta quarta-feira (14).
A ação movida por um tribunal de São Paulo busca anular as metas de emissões que o Brasil apresentou em dezembro no âmbito do acordo, que permitiria ao país ampliar suas metas em até 400 milhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano.
A medida “é uma flagrante violação do Acordo de Paris, que só admite aumento no nível de ambição das NDCs (contribuições nacionalmente determinadas, em inglês), nunca uma redução”, disse o indígena Txai Suruí, de 24 anos, que está entre os autores, em nota divulgada pelo grupo ambientalista Engajamundo em sua conta no Twitter.
O Brasil é alvo de críticas por ter aumentado a estimativa de suas emissões totais em 2005, ano base para suas metas de redução de carbono, de 2,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono para 2,84 bilhões de toneladas.
Essa mudança, considerada “uma manobra climática” pelos ativistas, implicaria que as metas de redução de emissões do país (de 37% até 2025 e 43% até 2030) seriam ampliadas e poderiam emitir centenas de milhões de toneladas de gases a mais do que inicialmente acordado no Acordo de Paris em 2015.
A ação foi aberta na terça-feira por Suruí e três outras pessoas de sua organização, além de dois jovens ativistas da seção brasileira do Friday for Future, grupo fundado pela adolescente sueca Greta Thunberg.
O documento aponta para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o ex-chanceler Ernesto Araújo. Nenhum ministro respondeu aos pedidos de comentários.
Ambientalistas acusam o presidente Jair Bolsonaro, no poder desde 2019, pelo desmonte de programas de proteção ambiental e a promover a mineração e a exploração agrícola de áreas protegidas.
A destruição da floresta amazônica, um recurso fundamental na luta contra as mudanças climáticas, aumentou durante o governo do presidente de extrema direita, aumentando as emissões de carbono do Brasil.
Nos doze meses anteriores a agosto de 2020, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 9,5%, destruindo uma área maior que a Jamaica, de acordo com números do governo.
Fonte: AFP