CBS News revela que 53% dos republicanos são contra qualquer tipo de intervenção no território; 76% afirmam que Casa Branca não explicou claramente suas intenções no Caribe

A ação militar dos EUA na Venezuela enfrenta ampla rejeição: 70% dos norte-americanos se opõem a qualquer intervenção, segundo uma pesquisa da CBS News/YouGov que expõe as profundas divisões na opinião pública sobre as políticas do governo Trump em relação ao país sul-americano.

Os dados pintam um quadro inequívoco: apenas 24% dos entrevistados acreditam que o governo explicou claramente sua posição sobre a Venezuela. Uma esmagadora maioria — 76% — afirma que a Casa Branca não ofereceu clareza sobre suas intenções, revelando uma falha de comunicação que atravessa todas as linhas partidárias.

Essa falta de transparência alimenta a desconfiança. Três em cada quatro norte-americanos acreditam que Trump precisaria da aprovação do Congresso antes de empreender qualquer ação militar na Venezuela, uma exigência compartilhada por mais da metade dos próprios republicanos. A mensagem é clara: ele não tem legitimidade para declarar guerra.

Fraturas republicanas

A pesquisa, realizada entre 19 e 21 de novembro com uma margem de erro de ±2,4 pontos percentuais, revela divisões significativas dentro do Partido Republicano. Enquanto 66% dos republicanos alinhados ao movimento MAGA apoiam uma possível intervenção, apenas 47% dos republicanos não alinhados ao MAGA o fazem. Entre estes últimos, 53% se opõem veementemente a qualquer intervenção militar.

Essa divisão interna expõe as limitações da retórica belicosa, mesmo dentro das fileiras do partido governista. A base MAGA, historicamente complacente com o presidente em questões de política externa — como demonstrado pelo bombardeio ao Irã meses atrás — permanece leal. Mas o restante do espectro republicano mostra sinais de cansaço com uma retórica que não condiz com suas prioridades reais.

Venezuela: uma “ameaça” fabricada

A percepção pública contradiz a narrativa oficial. Apenas 13% dos entrevistados consideram a Venezuela uma “grande ameaça” à segurança dos EUA. 48% a classificam como uma “ameaça menor”, e expressivos 39% afirmam que ela não representa ameaça alguma.

A guerra não resolve o tráfico de drogas

O pragmatismo do cidadão prevalece na avaliação da eficácia de uma intervenção militar. 56% dos entrevistados acreditam que a ação militar não alteraria a quantidade de drogas que entram nos Estados Unidos. Apenas 37% acham que a reduziria, enquanto uma parcela marginal de 7% acredita que aumentaria o fluxo.

Esse ceticismo se estende às operações atuais. Os ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas são controversos: 53% aprovam e 47% desaprovam. Mas um ponto de consenso emerge: 75% exigem que o governo forneça provas de que os navios atacados realmente transportam drogas.

O público exige transparência antes de qualquer ação. Exige provas antes de bombas. Exige uma política externa baseada em fatos, não em suspeitas.

As verdadeiras prioridades

Por trás da rejeição da intervenção, esconde-se uma questão mais profunda: o questionamento das prioridades do governo. Muitos opositores da ação militar — incluindo republicanos — tendem a julgar o governo pela sua gestão econômica, acreditando que ele não dedica tempo suficiente aos problemas que realmente afetam o seu dia a dia.

A pesquisa da CBS revela uma desconexão entre a retórica do governo Trump sobre a inflação e a experiência real das famílias americanas: a alta implacável dos preços, a deterioração das perspectivas econômicas e a sensação de que, enquanto a Casa Branca fala em vitórias, seus bolsos estão ficando mais vazios.

Fonte: Ópera Mundi

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