Mais de 85% dos trabalhadores do país optaram por jornadas reduzidas – mantendo o mesmo salário –, ou obtiveram ao menos o direito de trabalhar menos.

Trabalhadores na Islândia têm cada vez mais optado por uma semana de trabalho reduzida após dois estudos terem demonstrado que trabalhar menos horas aumentou “dramaticamente” o bem-estar e o equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional dos participantes.

Os dois experimentos, feitos entre 2015 e 2019, também descobriram que a produtividade permaneceu a mesma ou até melhorou na maioria dos locais de trabalho inscritos no programa.

Para os pesquisadores, os testes conduzidos pela Câmara Municipal de Reykjavík e pelo governo nacional foram um “sucesso esmagador”. Desde sua conclusão, cerca de 86% da força de trabalho do país está trabalhando menos horas sem cortes salariais, ou ao menos ganharam tal direito.

“A jornada de trabalho reduzida da Islândia nos diz que não só podemos trabalhar menos nos tempos modernos, mas que uma mudança progressiva também é possível”, disse Gudmundur Haraldsson, um dos pesquisadores.

Melhora do bem-estar

O experimento, que envolveu mais de 2,5 mil trabalhadores – mais de 1% de toda a população ativa da Islândia – cobriu uma ampla gama de locais de trabalho, desde escolas infantis a hospitais, escritórios e prestadores de serviços sociais.

Muitos dos participantes passaram de uma jornada semanal de 40 horas para uma de 35 ou 36 horas.

Os trabalhadores relataram que menos horas de trabalho facilitaram a execução de várias tarefas domésticas durante a semana, tais como fazer compras, limpar e arrumar a casa, etc. Muitos participantes do sexo masculino em relacionamentos heterossexuais disseram que puderam dedicar mais tempo às tarefas domésticas, especialmente na limpeza e na cozinha.

“Isso mostra que o setor público está pronto para ser pioneiro de semanas de trabalho reduzidas – e lições podem ser aprendidas para outros governos”, disse Will Stronge, diretor de pesquisa do think tank britânico Autonomy, que junto com a Associação para a Democracia Sustentável (Alda), na Islândia, analisou os resultados dos experimentos.

Jornada semanal de quatro dias ganha terreno

A ideia de uma semana de trabalho de quatro dias vem ganhando cada vez mais força em todo o mundo.

A Espanha está atualmente testando uma jornada semanal de 32 horas para empresas em um programa piloto de 50 milhões de euros (cerca de 300 milhões de reais). A empresa de bens de consumo Unilever lançou um experimento no qual está pagando a dezenas de seus funcionários seus salários integrais, enquanto pede que trabalhem apenas quatro dias por semana.

No Japão, o governo recomendou que as empresas permitissem que seus funcionários optassem por uma semana de quatro dias para melhorar o bem-estar dos empregados. As empresas, por sua vez, seriam capazes de reter funcionários capazes e experientes que, de outra forma, teriam que se ausentar devido a responsabilidades familiares.

Em agosto, o maior sindicato da Alemanha, IG Metall, requisitou uma semana reduzida, argumentando que a mudança salvaria milhares de empregos, de outra forma ameaçados pela transformação da indústria automobilística para a mobilidade elétrica.

Um relatório encomendado pela campanha 4DayWeek (Semana de 4 Dias), da Platform London, mostrou que migrar para uma jornada semanal de quatro dias também pode oferecer benefícios ambientais. Segundo o estudo, tal mudança poderia reduzir a pegada de carbono do Reino Unido em 127 milhões de toneladas por ano até 2025, ou o equivalente a tirar 27 milhões de carros das estradas.

Fonte: Portal DW

Deixe uma resposta