André Cabral – Historiador e professor

Estamos diante de uma pandemia que vem dizimando a humanidade e já supera três milhões de mortes. Apesar do contexto, a ofensiva da política estadunidense continua na América do Sul, como no caso da Venezuela, onde a oposição ao governo de Nicolas Maduro, liderada por  Juan Guaidó, tem colaboração da CIA e visa provocar uma crise profunda e destrutiva na Venezuela.

 No Oriente Médio, a ofensiva de Israel ao povo palestino, onde judeus são incentivados a despejar famílias palestinas de suas casas sobre controle do governo israelense, onde os israelenses detêm controle sobre os recursos naturais, como a água e até proíbem os palestinos de desenvolverem a pesca na Faixa de Gaza. A ofensiva do Estado sionista só é possível graça ao apoio dos Estados Unidos, Inglaterra e União Europeia.

Outro conflito que já se arrasta desde 2011 e que começou com protestos pacíficos, mas que se irradiou por todo oriente médio gerando deposição de governos, mas, que encontrou forte resistência na Síria foi a chamada Primavera Árabe.

No caso da Síria, se transformou em uma guerra civil, onde grupos terroristas que originaram o tal “Estado Islâmico” recebeu apoio dos EUA, como revelou o então candidato a presidente, Donald Trump. Mais ainda, os EUA teriam criado o grupo terrorista, financiado e fornecido armas para que o grupo derrubasse o presidente Bashar al-Assad do poder.

A oposição ao regime organizou-se em várias frentes: O Conselho Nacional Sírio (CNS), ligado ao fundamentalismo islâmico, o Exército Livre da Síria (ELS), braço armado composto por militares desertores, o Estado Islâmico e a Frente al Nusra (filial da Al Qaeda na Síria). O conflito se transformou num enfrentamento geopolítico entre os Estados Unidos e Israel, de um lado e Rússia e Irã, do outro lado apoiando o regime de Bashar al-Assad. Passados dez anos desse conflito, Israel ataca com  mísseis nos arredores de Damasco, recrudescendo o conflito.

Esses conflitos, como o da Líbia, no norte da África, são ações sangrentas do imperialismo, que usaram a OTAN para fatiar o território líbio e se apoderam do petróleo, transformando o país em caos político e migratório. Quase cinco anos depois do conflito civil que assolou a Líbia com a queda do governo de Muamar Kadafi, o país está novamente à beira da guerra civil, o que coloca em lados opostos dois governos sem legitimidade e que dependem de diferentes milícias e aliados internacionais. Em Trípoli, resiste o chamado Governo do Acordo Nacional.

A ofensiva dos países imperialistas é permanente. Sempre que emerge algum país de forma independente, as potências imperialistas e seus analistas usam todo tipo de verborragia para justificar ideologicamente suas intervenções. Século XVI, vieram em nome de Deus. E como disse poeta baiano Castro Alves em O Navio Negreiro: “Senhor Deus, dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura… se é verdade tanto horror perante os céus?!’’ No século XIX, foi em nome do progresso e da civilização aos “selvagens” Africanos e Asiáticos” que pilharam continentes inteiros.

Hoje, a justificativa em função dos atentados de 11 de setembro de 2001, onde dois aviões foram arremessados contra o complexo World Trade Center, em Nova York, é da guerra ao terror. George Bush, então presidente dos Estados Unidos chegou a conclamar uma “Cruzada contra o Terror” e contra o “Eixo do Mal”, que eram Afeganistão, Iraque, Cuba, Coreia do Norte, Síria e Líbia. Não é a toa, que hoje esses países como Síria, Líbia e Iraque se encontram mergulhados no caos e na guerra civil.

Mas, a guerra ao terror tornou-se insuficiente para resolver as contradições internas dos EUA e das suas relações de dominação mundial. Por isso, os EUA se lançam em mais uma cruzada, dessa vez desesperadamente contra a China.  

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